quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Inovação na Escola

Em São Paulo, nas escolas particulares, alunos estão tornando as maçantes aulas de história em tensas reuniões de aprendizado global. O novo sistema, denominado Modelo, usa a representação teatral para gerar a compreensão de situações-limite da disciplina. Assim, alunos trajam uniformes militares, trajes de revolucionários russos ou mesmo terno-e-gravata para encenar episódios significativos da história.

Os eventos tanto podem ser brasileiros, como do planeta. Um concílio de cardeais, revoluções, as realizações de Napoleão, a intervenção americana no Vietnã ou Afeganistão. Tudo representado em sala, com alunos orientados a interpretar determinados personagens. Ninguém esquece e o tema envolve a todos em pesquisas, leituras e discussões.

Enfim, uma escola participativa, de ensino identificado com a realidade, que se vê personagem da história e participante do processo político e de cidadania. Além de adquirir mais segurança ao falar em público, as interpretações estimulam o interesse em novas leituras, com altíssima carga motivacional, que induz o aluno a complementar o tema na internet, nos livros, em filmes, além de se ver incluído no processo histórico de forma real e vibrante.

Reportagem no jornal “Estadão”, “Técnica de ensino usa simulação da história”, de 13 de setembro, vislumbra novo estágio para o processo ensino-aprendizagem da história.

Muito se pesquisa e se escreve sobre a necessidade de técnicas inovadoras de ensino, de a educação utilizar meios eletrônicos, como a internet, de a leitura adquirir mais espaço na vida dos estudantes, mas apesar da rápida evolução tecnológica, aula – ao menos em boa parte do Brasil – ainda se resume ao exercício da paciência: professor que fala e aluno que ouve. A internet é instrumento valioso, que revoluciona a vida, precisa ser mais usada na escola.

A técnica do ensino da história com simulação em sala de aula parece inovação de valor, pois além de facilitar o envolvimento do aluno com o tema, o ajuda em outras dimensões de sua formação, como agilidade mental, controle da emoção, segurança para falar em público, solidez de convicções e argumentos, postura física, convencimento. Estimula o aluno a conhecer melhor os diferentes temas e a se convencer de que cultura serve para muita coisa na vida. Senão para melhorar o desempenho, para melhorar a qualidade de vida pela elevação do espírito.

PS: Reafirmo conceitos emitidos sobre a cultura local: Museu Fritz Alt interditado por falta de segurança; Estação da Memória com telhado que caiu e acervo do Museu da Bicicleta no depósito; Cidadela Cultural com destelhamentos e paredes desabadas; Biblioteca Pública interditada e acervo sem destino; Museu de Arte com piqueniques ecológico-contemplativos. Nunca estivemos tão a pó e lixo. Os fatos dispensam palavras.

aternes@terra.com.br
APOLINÁRIO TERNES, HISTORIADOR E JORNALISTA

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