sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sem tempo para o e-mail?

O uso do correio eletrônico vem caindo entre os jovens que procuram formas de comunicação mais instantâneas.

Sinais clássicos de que você está ficando velho: ainda assiste a filmes em um videocassete, ouve discos de vinil e faz fotos em máquina analógica. Acrescente mais um item à lista: ainda gosta de usar o e-mail. Os jovens preferem serviços de chat online, mensagens via celular ou outras formas mais rápidas, como o Twitter. Essas tecnologias, claro, já vêm crescendo ao longo dos anos, mas agora estão ameaçando ofuscar seriamente o e-mail, mais ou menos como já fizeram com as chamadas telefônicas.

Um sinal claro dessa tendência é que empresas focadas em internet, como o Facebook, estão oferecendo serviços baseados em mensagens imediatas. Para os adolescentes de hoje, o desinteressante no e-mail é o processo – considerado longo e entediante – de fazer login em um serviço, preencher destinatário e assunto para só então escrever o texto e enviar a mensagem, que poderá levar horas até ser lida.

Para Lena Jenny, uma estudante de 17 anos de Cupertino, na Califórnia (EUA), o principal atrativo das mensagens de texto é a rapidez:

– Às vezes, recebo um resposta antes mesmo de desligar meu telefone. O e-mail é muito lento.

O Facebook, por exemplo, com seu sistema de mensagens instantâneas, lançado em novembro, tenta cativar as “Lenas” do mundo. No novo serviço, a empresa eliminou as linhas de “assunto” assim como as de “cópia.” E para mandar a mensagem basta um simples enter.

– O futuro das mensagens é ser mais tempo real e casual. O meio não é a mensagem. A mensagem é a própria mensagem – afirma o diretor de engenharia do Facebook, Andrew Bosworth.

Estatísticas respaldam essa afirmação. Nos EUA, o tempo gasto em serviços de e-mail vem caindo, especialmente entre jovens. Apenas na faixa acima de 55 anos houve crescimento no último ano (veja gráfico). A queda nos acessos a e-mails, porém, não implica uma redução na comunicação digital: as pessoas estão migrando para outras formas, como messengers (MSN e GTalk, por exemplo), SMS (torpedos) e o próprio sistema do Facebook, que registra quatro bilhões de mensagens diárias.

Segundo James Katz, diretor do Centro de Estudos para Comunicações Móveis da Universidade Rutgers, não estamos vendo a morte do e-mail, mas uma redução da sua importância:

– O e-mail apenas não se encaixa na intensidade social das novas gerações – avalia.

Novas alternativas se aproximam da maneira como as pessoas conversam

Para David McDowell, diretor de Produto do Yahoo! Mail, está havendo um fenômeno situacional: adolescentes de 15 anos têm menos razões para mandar a um chefe ou empresa documentos privados anexados por e-mail. Mesmo assim, o Yahoo! acrescentou ferramentas de chat e mensagens de texto ao seu correio eletrônico, assim como o Gmail.

– O e-mail, agora, é só parte do Gmail, que inclui conferência de vídeo, mensagens de texto, mensageiro instantâneo e chamadas telefônicas – ressalta Mike Nelson, um porta-voz do Google.

A comunicação digital está mais próxima da maneira como as pessoas conversam naturalmente: de forma fragmentada e sem se preocupar com muita polidez, avalia o professor Katz. Ao longo do tempo, o e-mail continuará a ceder espaço para formatos ainda mais rápidos, até mesmo entre pessoas de maior idade, acredita o pesquisador.

Disponível em:
Informática e Tecnologia | 06/01/2011 11h23min

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